Ergue-se em mim uma tortura sem fim!
Não tenho força para me revoltar
Uma súbita mágoa me faz chorar!
Solto, para ser toda eu,
Devaneios sôfregos que a alma teceu.
Mas a minha vontade morta
De querer viver
Foi bater noutra porta
Fiquei eu calma, a tremer.
Incarnou um corpo intocável
Em minha sorte
Que mergulha, tão amável,
Na negra bruma da morte!
Minha face pálida
Não tem causa válida.
Porquê o ar de sofrimento?
Porquê este podre lamento?
Horrível desenrolar de podridão
Que se instalou em mim, na solidão.
Cheira a uma renúncia de mim
Eu não me posso abater assim!
Desprezo a vida
Que toquei até aqui
A minha alma não tem vida
E se tem eu não a vi!
Uma tortura sem fim, ergue-se em mim!
(26.05.01)
(Kiara Ukume)
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