MAL-AMADO
Sou mal-amado, é verdade
Contudo não sou resignado
Encarno o espírito inconformado
A arte de não concordar
De resistir a esse mesquinho desígnio
A esse destino corrupto
Condenado à derrota
Apaixonando-se sempre pela pessoa errada
Sendo sempre desprezado
Passado para trás
Condenado sempre ao sofrimento
À derrota e humilhação
Derrotado, azarado, humilhado
Ridicularizado, limitado, mal-amado
Enganado por uma
Desprezado por outro
Essa falta de amor, de paixão
Chega a ser revoltante
Enquanto todos triunfam
À mim é reservada a amarga derrota
Derrotado, azarado, humilhado
Ridicularizado, limitado, mal-amado
Sempre tentando conquistar
Sempre dando com a cara nas barreiras
De aço impenetráveis
Eu não tenho direito a esses privilégios
A mim só resta a patética resignação
E alguns goles da maldita inveja
Não posso amar quem amo por causa de um mero detalhe
Não tenho esse direito
O que fazer agora? Quo vadis?
Nada. A única coisa a fazer é tocar um heavy metal
Derrotado, azarado, humilhado
Ridicularizado, limitado, mal-amado
(José Marcelo Siviero)
|