NOSSA DESGRAÇA
(Para Álvares de Azevedo)
Deu meia noite. O poeta está imerso
Num mar de idéias, procurando estratagema
Que lhe permita construir o último verso
Finalizando, pondo um ponto no poema.
A noite avança e madrugada vai adentro
E nada surge, uma idéia, um sentimento
Que dê a ele algum socorro bem no centro
Da tormentosa busca - é muito sofrimento!
E ele pára, pensa e busca nos antigos
Poetas e também nos novos, seus amigos
(Ao que parece fazem poemas de cor)
Até concluir: não ter poema é bem pior
Do que um pintor sem tinta em sua aquarela
Ou que um vate sem vintém para uma vela.
(José Magno)
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