A Garganta da Serpente

Jorge Alarcão Potier

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A ESCRITA

É minha escrita um espelho
serena água, um lago
poço fundo de que trago
recordações. Um afago
que me faz sentir já velho.

Vem da memória o que escrevo
do tempo já percorrido
vem dum percurso vivido
de cada passo sentido
que dou sem saber se devo.

Emoções ou sentimentos
confusos, contraditórios
as frases são suspensórios
penduram repositórios
de alguns antigos momentos.

Sempre escrevo de corrida
intensamente, porém
quase sempre com desdém
p'los que não sendo ninguém
se acham os donos da Vida.

Senhores, mestres dos mundos
na escravidão afogados
temidos mas nunca amados
em permanência acordados
pelos medos mais profundos.

É minha escrita um espelho
que retrata bem, dá luz
àquilo que me seduz
e aos ódios que me impus
mesmo cansado e já velho.


(Jorge Alarcão Potier)


voltar última atualização: 13/03/2007
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