SONETO I
Era assim que o destino me queria
longínquo, disperso, sem vontade
emaranhado na realidade
indiscutível, em autofagia.
Era assim que uma vida se perdia
sem conação, desejo ou veleidade
de ultrapassar o tempo ou a idade
e a mãos ambas reter o que fugia.
Era assim, porém eu não quis assim!
Que o destino nem sempre nos constrói
se as calhas de que é feito recusarmos
e das suas correntes nos soltarmos
daquilo que nos prende e nos destrói.
Afinal terá tudo um outro fim.
(Jorge Alarcão Potier)
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