MINHAS MORTES
Sou tantos e tão diversos
Que muitas vezes me desconheço.
Em vários cantos me disperso
E nem percebo quando anoiteço.
Nos acalantos me perco, imerso,
Salto assustado quando amanheço.
Sou tantos e tão diversos
Que muitas vezes me desconheço.
Sob os mantos desse universo
Poeira ínfima me reconheço,
Em prantos eu me converso
Na poesia me aconteço.
Tão diversos são meus tantos
E perversos os desencantos
Que em minhas mortes me despeço,
Mas em meus versos permaneço.
(Jorge Lenzi)
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