MULHER
Como pode ser uma mulher
tão noite e tão dia,
tão caseira e tão vadia,
tão primavera e tão outono,
tão quimera e tão razão?
Como pode ser esta mulher
tão inverno e tão verão?
Como pode ser tão festeira, tão fogosa,
tão matreira e perigosa?
Assim tão freira e religiosa?
Como pode ser uma mulher
tão vandalismo e tão construção,
tão idealismo e pé no chão?
Tão fina e tão dama,
e ser outra na cama?
Como pode ser
tão divina e infernal,
tão menina, e quando quer,
ser simplesmente
mulher?
(Jorge Lenzi)
|