Criança Morta, 1944
Naquele dia infausto,
Pairava sobre a cabeça
Um denso azul escuro de dor.
E nas mãos fracas do humilde pai,
Jazia, o ser descarnado.
As lágrimas visivelmente arredondadas,
Escapavam de suas faces, por um grande milagre...
A esperança da frágil família,
Descambava para o pequeno infinito e
Num desespero colossal, o desacreditado pai,
Ergue a uma certa potencialidade, a infeliz figura.
Mas o inesperado acontecimento, não acontece.
O corpo sufoca o grito inaudível e
No mar de pensamentos tristes,
As palavras deixam lembranças.
(João Manoel de Oliveira)
|