O orifício
No parapeito do aberto
A imagem é deslumbrada,
Entre cicatrizes bronzeadas pelo sol,
O tempo já foi generoso
Muletas junto ao corpo desfeito
Dentro do áspero Duíno de pedra.
As portas do castelo não são mais abertas,
Fechaduras permanecem intactas
A fenda pitoresca mostra um mundo novo,
Isento de intuitos enganosos.
Será preciso de milhares de telescópios
Sentimentais, feiticeiro de um só olho de vidro.
E no curto espaço de tempo do olhar curioso
A alma sentirá saudades dos minutos corridos
E a consciência se transformará em um vilarejo mesopotâmico.
(João Manoel de Oliveira)
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