A Garganta da Serpente

Jim Bates

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À ROSA

Com faces destiladas de mármore
e toques sutis como relâmpagos.
Com brisas quentes 
qual vapor que surge dos olhos, 
ao instante da visita dos cupidos 
que flecharam sorrisos 
ao invés de corações, 
silenciando assim 
breves momentos de paixão 
que se eternizavam 
entre os suspiros de uma lágrima e outra, 
ou das palavras,
que morreram afogadas nos copos de cerveja,
enquanto as esperanças 
eram esmagadas junto das chepas.
Mas sete olhos fitavam.
Sete lâminas amolaram.
E apenas seis flechas os arqueiros prepararam.
Um conflito de covardes,
suspiros versus lágrimas
silêncio contra solidão.
Mas o inesperado aconteceu.
Do chão inerte brotou uma rosa; 
A Rosa.
De um vermelho que 
de tão quente 
era apaixonante, 
sarcástico e impiedoso, 
já apaixonado.
Incorruptível aos olhos amantes,
avassaladora ao coração obstante.
Frio. 
Já é tarde.
Sem sombra nem saída 
segue comitiva em direção ao reino.
A cama e o cigarro, 
confidentes, 
assim como o céu, 
a lua
e as estrelas, 
pareciam estarem surdos naquela noite, 
faziam chorar.
De manhã o sol parecia frio, 
reluzia na Rosa 
que amanheceu branca, 
pálida, 
fria, 
desbotada.
No chão 
vestígios de futilidade, 
de "beleza", 
falsidade.
Arrependimento.
Desengano.
Um rio de guaxe e grafite por entre os dedos.
Não bastasse falsa,
ainda sem classe.
Agora é tarde.

(Jim Bates)


voltar última atualização: 15/04/2000
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