Apetece-me
Apetece-me escrever com erros.
Apetece-me escrever sem vírgulas nem pontos finais,
Escrever sem processos estilísticos que disfarcem este nó no
estômago.
Apetece-me perder o bilhete de identidade.
Apetece-me responder quando me pedirem o cartão:
Sou eu, pá, não vês?
Apetece-me ser malcriado.
Apetece-me chamar cabrão ao presidente dos estados Unidos,
Desejar-lhe que morra com o vírus da pneumonia atípica.
Apetece-me!
Mas falta-me coragem, e não o faço...
(Ivar Jorge Alves Corceiro)
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