A Garganta da Serpente

Ivaldo Gomes

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Um Poema

Um poema quente, decente,
Tem que Ter um toque
De carinho.
Um poema urgente, apressado,
Tem que Ter um clima de ação.
Que nem tesão, têm ou não se
Tem e pronto.
Um poema inocente, candente,
Tem que Ter cheiro de flôr,
De jasmim.
Um poema indecente, imoral,
Tem que Ter o óbio, o sexo
Rasgado, debochado, chocado,
Deslavado, jogado no meio
Da rua.
Um poema amoroso, dengoso,
Tem que Ter manha, ginga,
Jogo de sintura.
Um poema infernal, banal,
Tem que Ter fogo, quente,
Incandecente, luminoso.
Um poema infantil, gentil,
Tem que Ter brinquedo,
Arremedo de criança.
Um poema bonito, infinito,
Tem que Ter estrelas, constelação
Dos teus olhos.
Um poema discreto, concreto,
Tem que Ter objetivo, motivo
Pra se escrever.
Um poema incendiário, inflamado,
Tem que Ter bombeiro, aparando
As arrestas.
Um poema fulgás, záz tráz,
Tem que Ter mágica, imaginária
Ilusão.
Um poema eterno, terno,
Tem que Ter imensidão, coisa grande,
Maior que os sonhos.
Um poema apaixonado, ilhado,
Tem que Ter saudade.
Um poema sem fim, tem que
Ter um fim,
Em fim...

(12/09/87)


(Ivaldo Gomes)


voltar última atualização: 21/03/2011
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