A Garganta da Serpente

Ivaldo Gomes

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DA CHUVA QUE CAI

Agora, escorre no braço do tempo,
O tempo que o tempo dura.
Perdure a chuva o quanto dure.
Seja o tempo necessário para
Engravidar toda a terra
Ao seu redor. Na chuva que cai agora
Vislumbro a primavera regada hoje,
Na chuva que cai agora.
Das mangas que chuparei
No verão, verterei a doce água
Da chuva que cai, agora...

Neste inverno de todos os anos,
Como ponteiro de relógio das eras.
Me mostra o frio e faltam cobertores
Nas noites do nosso egoísmo.
E sinto frio duplamente.
Por mim e por aqueles que nem
Entendem porque sentem frio.
Tão inocentes quanto o nosso amor.

Enquanto chove, agora,
Penso na atitude misericordiosa de
Estender a mão, ao irmão,
De sangue, de peito, de quebra,
de agrado, de bondade e
de necessidade até.
E somos tão inteligentes...
Da chuva que cai brota a
Esperança das flores da primavera,
Das frutas no verão e das
Folhas no outono.
Mas, do chão molhado, encharcado,
Inundado muitas vezes, vai
Florescer o principio da vida.
Da chuva que cai, cairá.
Brota nossa esperança em dias melhores.
Apesar dos pesares.

(16/07/1997)


(Ivaldo Gomes)


voltar última atualização: 21/03/2011
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