A canção
Já não vira
Se foi a virar estrela
Como naquele filme
Mas não de cinema.
O menino do velho morreu
e o velho já não virá mais.
Sem sua boca de flor, abelhas perecerão
Sem seu caminhar, as ondas se recolherão
Sem seus ouvidos perfurados pelo vento
As músicas não soarão.
O menino do velho morreu
e o velho já não virá mais.
Restara a brancura de uma folha
Que não pode acompanha-lo
E todos, todos os livros que ele
Tocou, abriu e jamais os fechou.
O menino do velho morreu
e o velho já não virá mais.
O Ponto de Interrogação pede perdão
A Oração ora, a Exclamação delira
A Vírgula respira fundo
O Ponto final não compreende.
O menino do velho morreu
e o velho já não virá mais.
Hoje não haverá leituras.
Todos, palavras ou não, rezam
Ajoelhando-se ante os óculos
Do Deus dos versos.
Rezam e sentem
Que rezar não basta
E cantam, cantam:
A canção da pedra
Que se apaixonou-se pela chuva
E se desfez em ela.
(Igor Mazzero)
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