A Garganta da Serpente

Igor Mazzero

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Carne brasileira

Sangue de vida partida
Sem mãos que o acolham
Colorem o negro corpo
Finalmente em repouso.

Alvo de fotos e nenhum soluço
É todo ele só uma forma, escura
Traçada no quente asfalto
Que velozmente será limpado.

E passam carros passam carros
E mais carros e outros carros
Apagando qualquer passado manchado

Qualquer sangue gotejado, jorrado
Daquele traço inexistente
Quando sendo traçado

Inacabado ao fim do retrato
Que só deixou um troço
Para muitos troços.

Não há rosto para a boca sem dentes
Desse que já foi criança
Para muitos, pivete

E hoje não é lembrança
Para muitos, bem-feito.


(Igor Mazzero)


voltar última atualização: 02/02/2009
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