A Garganta da Serpente

Igor Machado

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O pai, o computador

Por falta de um bom sono
Aquela requintada dama
Virava a madrugada
Trocava a bela cama
Por um bom computador
Eis o enredo desse trama.

O marido dia-a-dia
Ficou triste e aperreado
Com a troca da mulher
- ah, computador safado
Vou joga-lhe uma macumba
Pra ficar todo quebrado.

Mas tal feitiço não pegou
E a coisa se inverteu
Resumindo tal desgraça
A barriga apareceu
O pai, o computador,
Chiquinho se emputeceu.

Mas o que tinha de ser feito
Era aceitar a novidade
O distinto Zé Francisco
Era o mais corno da cidade
E criou como seus filhos
Os frutos da infidelidade.

Eram três "palm top"
Todos três endiabrado
Viviam o dia inteiro
Brincando pra todo lado
E o consumo de energia
Quase deixou Chico quebrado.

A educação era tranqüila
Os programas construtivos
Bate-papos acalorados
Jogos bem educativos
Vacina de anti-vírus
Pra ficarem sempre ativos.

A mãe era zelosa
Os limpava todo dia
Deixava-os na tomada
Se alimentando de energia
Ela contava historinhas
Pra dormirem com alegria.

Os cabras foram crescendo
Em tamanho e em clamor
O pai tecnológico
De velho já pifou
O outro lá só babava
Os prenúncios de doutor

Se tornaram note-book
Respeitados na região
Mesmo com simplicidade
Eram donos da atenção
Casaram com umas máquinas
"Bonitas feito avião".

O Chiquinho se esqueceu
Da traição de sua mulher
Deixou de ser cri-cri
Deixou de pegar no pé
E tudo o que acontecia
É seja como o trio quiser.


(Igor Machado)


voltar última atualização: 03/09/2007
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