A Garganta da Serpente

Humberto de Campos

Humberto de Campos Veras
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

OS HIPERBÓREOS

Cabeça erguida, o céu no olhar, que o céu procura,
Baixa o humano caudal, dos desertos de gelo...
Em farrapos, ao sol, derrete-se a brancura
Da neve boreal sobre o ouro do cabelo.

Ulula, e desce; e tudo invade: a atra espessura
Dos bosques entra, a urrar e a uivar. E, uivando, pelo
Continente, a descer, ganha a úmida planura,
E a brenha secular, em sonoro atropelo.

Assustam-se os chacais pelas selvas serenas.
A turba ulula, o druida canta, enchendo os ares.
Entre os uivos dos cães e o grunhido das renas...

Escutando o tropel, rincha o poldro, e galopa.
Derrama-se, a rugir, das geleiras polares,
A semente feraz dos Bárbaros, na Europa...


(Humberto de Campos)


voltar última atualização: 18/10/2005
7489 visitas desde 18/10/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente