A Garganta da Serpente

Hermes Fontes

Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes
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Luar de Paquetá

Nessas noites dolorosas
Quando o mar, desfeiro em rosas,
Se desfolha à lua cheia
Lembra a ilha um ninho oculto
Onde o amor celebra em culto
Todo o encanto que o rodeia
Nos canteiros ondulantes,
As nereidas incessantes
Abrem lírios ao luar
A água em prece borborinha
E em redor da Capelinha
Vai rezando o verbo amar.

Jardim de afetos
Pombal de amores
Humildes tetos
De pescadores...
Se a lua brilha
Que bem nos dá
Amar na Ilha
De Paquetá!

Pensamento de quem ama,
Hóstia azul, fervendo em chama
Entre lábios separados...
Pensamento de quem ama
Leva o meu radiograma
Ao jardim dos namorados.
Onde é esse paraíso,
O caminho que idealizo
Na ascensão para esse altar,
Paquetá é um céu profundo
Que começa neste mundo
Mas não sabe onde acabar...

Sobre o mar de azul rendado,
Que é toalha de uma noivado,
Surge a Ilha - taça erguida.
E o luar - vinho doirado
Enche a taça do Passado
Que embriaga a nossa vida!
Ai, que filtro milagroso,
Para a mágoa e para o gozo
Para a eterna inspiração!
O luar, na mocidade,
Abre as rosas da saudade
Dentro em nosso coração.


(Hermes Fontes)


voltar última atualização: 30/05/2017
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