A Garganta da Serpente

Henrique

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MADRUGADA

Procuro na madrugada
as palavras que joguei ao vento,
talvez nunca mais as encontre,
nunca mais as tenha,
mas eu sempre tento.
Canto hoje as palavras que abandonei
nas ruas , em forma de momentos,
da minha vida
e também das suas.
Tudo o que hoje encontro,
ao caminhar ao relento,
são palavras soltas
de um quebra-cabeças
criado pelo tempo
e caóticamente montado
em frente aos nossos olhos,
na velocidade
de um pensamento.
Vejo nas madrugadas
todos meus mendigos
procurando abrigo
em palavras suas
que já nem são suas
que já nem são minhas
que hoje são das ruas
por onde vão velozes
sem pai, sem mãe,
mas não sozinhas.
O meu consolo,
é que alguém ao acaso
possa percebê-las e
dar-lhes um sentido
totalmente novo
ao reescrevê-las.
E essa procura segue infindável
pelas nossas vidas,
pois o que se viveu
já não é mais seu
já não é mais meu
os momentos são cães sem dono
e não tem fronteiras
o imaginável.
Dessa busca sem fim,
tiro um contentamento.
Tudo o que escrevi agora,
e que nunca foi meu,
já renasceu mais belo,
no seu pensamento.


(Henrique)


voltar última atualização: 26/05/2003
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