A Garganta da Serpente

Heloisa Galvez

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O amor engorda

Antes dos trovadores
O amor não existia
Não assim feito paixãoIlusão e euforia
Era morno como banho de menina
Cauto como missa matutina

Cristandade ensinou; procriação.
Duas pessoas se uniam
Pelas leis da conveniência
Haja paciência,Era só papai mamãe
E um beijo gelado no rosto
Ah! Que era um sei lá, sem gosto.

Ai! Que então eles chegaram
Lá pelo século XII
Inventaram a dor do amor
Acenderam da paixão o fogo
Que lhes trouxe Prometeu
O alaúde fez amor com a trova
E esse Amor Eros nasceu

Então veio o desamor
E morte precoce
De desilusão
Almas desequilibradas
Neurótica obsessão

E essa foi acreditem;
A parte melhor
Pois se o amor paixão
Fizesse celebração
Que desastre!
Afrodite pôs maldição

Trovadores precursores
Do apetite sem limite
Dos amantes vitoriosos
Corpos esguios deram espaço
A silhuetas de ogro
Barrigas exageradas
Camas apertadas

Inventaram o colesterol
E com a mesa farta, o enfarto.
Celulite e estrias
Estômagos inchados de sapos
Peitos dentro das tigelas
Queixos engolidos por papos

E as Nádegas da matrona
Fez transformar a cadeira
Em suntuosa poltrona
Quem diria; trovadores!
Inspiraram novas tendências
Criaram os decoradores

Vá-te retro trovador!
Vá-te retro usurpador
Daquele meu corpo perfeito
Posso ver-me agora
Num quadro renascentista

Vá-te retro amor feliz!

Trovadores já morreram
Inventores do engordar
Quisera estivessem vivos
Pra que os pudesse matar!

Trovador hipercalórico
Empalo-te no pau da moldura
E querendo mesmo deixar rastro
Com a corda do teu alaúde
Satisfeita, te castro!

Vá-te retro Trovador!


(Heloisa Galvez)


voltar última atualização: 26/10/2010
31277 visitas desde 26/07/2007

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente