A Garganta da Serpente

Heloisa Galvez

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Deuses Constelados- poesias do 1711

Na segunda você acorda e ainda é lua,
Gira e rodopia pela cama,
Ainda sonha e anda nua pela rua,

Terça coloca uma faca na cinta-liga
Duas pulseiras largas no ante-braço
Sai a pé depois das dez e vira dona do pedaço

Quarta, escreve cartas e as entrega por conta própria
Encontro-te no meio de qualquer estrada
E vesga, lume no escuro da encruzilhada

Quinta acorda reluzindo, toma banho de mel
Marca 11 encontros , outorga 17 mortes
De noite rapta as virgens e faz que sangrem no céu

Sexta é sempre a mais bonita, no ar um cheiro de mar,
Abraça seu filho e lhe dá conselhos e asas,
Procura o mais belo dentro de todas as casas

Sábado é sempre soturna
veste-se de preto e se tranca no quarto
pensa enquanto cala, e tarde dorme numa urna

Domingo vai ao parque com a molecada
Desfaz-se de todos seus crimes
E numa pirueta tem de volta sua alma iluminada...


(Heloisa Galvez)


voltar última atualização: 26/10/2010
31274 visitas desde 26/07/2007

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente