A Garganta da Serpente

Heloisa Galvez

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Anti-Prece

Desprezo mestres e sacerdotes de qualquer religião.
Que usam fantasias e alegorias, e não o coração.

Desprezo padres com seus vestidos brancos ou pretos.
Conforme a premissa da missa.
Cardeais avermelhados com "falos" na cabeça.
Madres e freiras que só mostram o rosto de um corpo velado.
E se esquecem que Jesus morreu na cruz, quase pelado.

Desprezo monges budistas e jainistas com vestes de cetim vermelho e cabeça raspada.
Era entre trapos que Sidarta mostrava, sua alma iluminada.

Desprezo os pais-de-santo que colocam uma capa preta pra dizer "eu sou Exu".

Desprezo os mestres espíritas que só se vestem de branco, como se a cor levasse ao céu.
Kardec só chegou a isso, quando entrou em seu próprio carrossel.

Desprezo os swamis hinduístas com e seus colares floridos sobre um manto ocre quase cru.
Shiva e Krisnha mostravam somente a pele Azul...

Desprezo os rabinos que pensam que barba, kipá e a leitura do torá.
É o que agrada Salomão.

Desprezo muçulmanos que escondem suas mulheres com hijabs e defendem seu alá, a ponto de matar.

Desprezo os tais pastores evangélicos, com seus ternos armani.
E a maneira como aprendem com experts, o tom de falar sempre igual.

Desprezo os mestres daimistas, filhos de Irineu.
Que somente fardados cantam seus hinários.
Acham que a sem a farda não encontram Deus,

Desprezo sim sacerdotes wiccanos que só usam preto e no pescoço um pentagrama.
A Mãe Terra que tanto amam, é o azul do céu, o branco da lua, o verde da grama...

Desprezo enfim o desejo que há em mim,
Ou em qualquer ser humano, de expressar a fé, e mostrar um coração.
Através de fantasias, patuás.
E a arte da decoração.

O Amor está dentro, e não além.
A Liberdade é meu amém.


(Heloisa Galvez)


voltar última atualização: 26/10/2010
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