NINGUÉM REPARA
Quebra-se o cristal da noite
Com o nascer do dia,
Já ninguém repara tanta beleza.
O desabrochar de uma flor,
O suspiro inocente do amor,
O João de barro-arquiteto da natureza-
Que constrói o seu ninho
Com carinho, com destreza.
Já ninguém repara.
O canto da cigarra
Chamando o fim do dia,
A harmonia musical do entardecer
Na sublime hora da Ave Maria:
O coaxar dos sapos no brejo
Invadindo a noite silenciosa
Com a lua no céu, tão clara...
Há já ninguém repara ninguém repara!...
A poetisa olha
Ninguém repara;
Ela chora...
Ninguém repara!
(12-01-2009)
(Helena Lins)
|