A Garganta da Serpente

Haroldo P. Barboza

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Carnaval real

Demanda

Salão apinhado na madrugada
Na porta do clube
Quem canta é a pancada.

Bloco

Uma fita amarela
Demarca o grupo
Formado na favela.

Pandeiro

Som de plástico
Substituiu
Gato elástico.

Ritmo

O folião cantou de galo
Agora algemado
Para a cadeia ele "marcha".

Aperto

Tomou cinco ou seis
Foi ao banheiro
Perdeu a vez.

Fantasia

Vestiu-se de mulher
Pelo negão foi abraçado
E quase deflorado.

Dançou

Se rotulava de bamba!
Com duas cervejas
Atravessou o samba.

Democracia

Após a folia nas praias
Rica e pobre quedaram
Sem nada sob as saias.

Fiel

A turma se dispersou
Quando parou o trio elétrico
Sobrou um bêbado patético.

Julgamento

O jurado não deu sorte
Ao dar nota oito
Foi jurado de morte.

Economia

Durante o ano do pão comeu
Apenas uma fatia
Para pagar a fantasia.

Cinderelo

O Mestre-sala
Com sapato novo
Sentiu-se rei do povo.

Distraido

O povo vestido de palhaço
Não percebe o político
Na cueca levando um maço.

Anestesia

Terminado os festejos
Dissolveu-se a rica ilusão
Sobrou a pobreza da nação.


(Haroldo P. Barboza)


voltar última atualização: 15/02/2011
14396 visitas desde 11/08/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente