A Garganta da Serpente

Hadan F. Porfírio

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Aos Santo Anjo Pecador

As palavras faltaram-me
Parecendo há décadas
Talvez fugindo de descarregar
Minhas lágrimas em páginas sujas de cadernos velhos

Tenho medo dos tempos que me acometem
E alguns erros são irredutíveis
Lágrimas virão, baby
Então, acostume-se a usar lenços de papel

A cada lembrança
A cada antigo sentimento
Às vezes um sorriso,
Às vezes uma saudade

Para cada desejo um filho
Para cada amor uma criança
E quero dormir com todos pelo menos
Mais uma vez

Seus nomes estão todos cravados em meu coração
E eu não queria suas camas,
Mas tão somente o seu amor!

A cada um, uma lágrimas de tristeza
E um abraço de saudade
Sempre pequei por amar demais

Sempre pequei porque amei demais
Mas a culpa sempre foi minha
Nunca me deitei na cama
Daquelas que amei

E hoje, cada vez mais
Me sinto mais sozinho
Sei que perdi todas
Mas velem por mim quando eu partir

Quero que cada carregue
Um filho meu em seu ventre
Para que eu possa garantir
O ser eterno que sempre quis ter

Mas eu apenas sofri
Por amor, tão somente
Nunca entendi os temos e tremores do poeta
Até entender que o mal bate à minha porta

Eu não quero ter fé
Eu apenas quero que me amem
Como sempre vos amei

Sou apenas um amante menino
Eu só quis que me quisessem amor
Mas me vejam hoje,
Vejam como me destruí

E eu acho que aos poucos
Ela está se afastando
E agora que talvez tenha conseguido o que sempre quis,
Neste momento, eu só quero estar sozinho

Só quero que a fumaça dos cigarros
E o álcool de minha bebida
Me carreguem para o mundo da saudade

Mas eu sei que ninguém vai se lembrar de mim quando partir
Por isso eu não quero ir embora, às vezes
Eu só quero ficar aqui
Sozinho para sempre

Sempre chorei
Mas até então nunca tinha percebido
Por que vocês são tão perversos para mim?
Eu nunca machuquei vocês!


(Hadan F. Porfírio)


voltar última atualização: 25/03/2010
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