A Garganta da Serpente

Gustavo Pessoa

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Canção da Expatriação, Voluntária ou Forçada de um Indivíduo

(Poema Original: "Canção do Exílio", Gonçalves Dias)

Certa vez, depois de estudar um bocado, resolvi que poderia ser bom ler um poema para "esfriar" um pouco a cabeça. Doce engano, nada era como antes, quando as palavras do poema eram apenas as palavras que estavam escritas. Enquanto lia, percebi que, para mim, o poema havia mudado...

Minha terra tem Areca catechu,
Onde canta o Turdus rufiventris;
Os vertebrados alados, tetrápodes, endotérmicos, ovíparos, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais esferas auto-gravitantes de gás ionizado,
Nossas várzeas têm mais gonadas angiospérmicas,
Nossas formações florestais com cobertura descontínua têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem Areca catechu,
Onde canta o Turdus rufiventris.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar -sozinho, à noite-
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem Areca catechu,
Onde canta o Turdus rufiventris.

Não permita Deus que minhas funções orgânicas se encerrem,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as Areca catechu,
Onde canta o Turdus rufiventris.

(Gustavo Pessoa)


voltar última atualização: 08/04/2008
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