A Garganta da Serpente

Gustavo Fiali

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Meretriz Celestina

Via tempo, em que perdia
Virgindade ou serventia
Corpo nu, menina frigida
Frigida alma, de corpo nu

A inocência que perdi nos tempos bons
Perdi a farsa, pedra e pau de quem me leva
Leva a si, eu latifúndio e laço rosa
Terra de mim mesma, a quem não pertenço

À indecência, submeti os meus grilhões
Vento de tundra, funda seca nos culhões
Rica de doença, sofre calor
Calor de perder de vista meu honesto bom humor

A insensatez menina
É meretriz celestina
De pobre e crua leva sina
Pasma, Liz da morte na retina

Cruza em contato com a terra
Serra o horizonte que contorna
Contorna com estandarte de Atena
Verbena que em sonhos, vê de monte

Luza parte fria do descaso
Caso de luxúria iconoclasta
Casta bem à parte da mortalha
Talha morte e falha o entusiasta


De quem vê o que não quer
E quem quer ver o que puder
E poder ver o que vier
Vim ver poder, e quem não quer?

A insensatez menina
É meretriz celestina
De pobre e crua leva sina
Pasma, Liz da morte na retina
Fina pela que aglutina
Perde pela luz que lhe alumina
Vida seca e a sede lhe sublima
Celestina


(Gustavo Fiali)


voltar última atualização: 12/04/2008
4771 visitas desde 17/03/2006

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente