A Garganta da Serpente

Gustavo Fiali

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Sal

Os olhos queimam ao sopro do vento
Tento mas sei que horizonte não existe
Insiste em um caminho mais lento
Desatento contra o vento que arde nos olhos

Trás não há mais, só há sal
O gozo, o espólio e o abuso
Uso de arbítrio para deixar pra trás
Faz do passado, tempo que já foi e não segue de volta ao sal

Teimosia o sal consome, assim como a pedra, a carne e a alma
Calma resta apenas aos que caminham, sentindo o ardor
Arde a condescendência crua e cruel
Ao calor da alma que queimava aos poucos sem valor

O sal tempera nosso futuro
Puro consome nosso passado
Deixado com o lamento dos virtuosos
Odiosos por sorrirem ao ver sua nostalgia virar sal

Adeus minha amada, a visão não toca meus olhos
Mas a salina estátua da blasfêmia que deixei atrás para Deus
Será uma lembrança secreta de minha fêmea
E mesmo odiando o sal que queima, meu amor perdoa e assim para sempre será


(Gustavo Fiali)


voltar última atualização: 12/04/2008
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