Sal
Os olhos queimam ao sopro do vento
Tento mas sei que horizonte não existe
Insiste em um caminho mais lento
Desatento contra o vento que arde nos olhos
Trás não há mais, só há sal
O gozo, o espólio e o abuso
Uso de arbítrio para deixar pra trás
Faz do passado, tempo que já foi e não segue de volta ao sal
Teimosia o sal consome, assim como a pedra, a carne e a alma
Calma resta apenas aos que caminham, sentindo o ardor
Arde a condescendência crua e cruel
Ao calor da alma que queimava aos poucos sem valor
O sal tempera nosso futuro
Puro consome nosso passado
Deixado com o lamento dos virtuosos
Odiosos por sorrirem ao ver sua nostalgia virar sal
Adeus minha amada, a visão não toca meus olhos
Mas a salina estátua da blasfêmia que deixei atrás para
Deus
Será uma lembrança secreta de minha fêmea
E mesmo odiando o sal que queima, meu amor perdoa e assim para sempre será
(Gustavo Fiali)
|