A VOZ DAS ÁRVORES
Enquanto os meus olhares flutuavam,
Seguindo os voos da erradia mente,
Sob a odorosa cúpula fremente
Dos bosques - onde os ventos sussurravam,
Ouvi falar. As árvores falavam:
A secular mangueira fielmente
Repetia-me a rir o idílio ardente
Que dois noivos, à tarde, lhe contavam;
A palmeira narrava-me a inocência
De um brando e mútuo amor, - sonho que veste
Dos loiros anos a feliz demência;
Ouvi o cedro, - o coqueiral agreste,
Mas, excedia a todas a eloquência
Duma que não falava: - era o cipreste.
(Guimarães Júnior)
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