Monólogo da pedra
Sou o que sempre fui
matéria morta e fria
sou o piso que pisas
sou a arma que matará
sou o que nunca será
vida plena que vibra
sou o epitáfio que te alegra
sou o sepulcro que te abriga
sou a beleza da tua jóia
sou o que você sempre foi
uma massa discreta
imóvel no meio do caminho
uma vileza devassa
sangrando a historia mortal
sou uma pedra no chão
que não come, não fala
não chora e não sente
sou um pálido quartzo
que não tem alegria
então me jogue no rio
e no intervalo entre saltos
duas, três vezes...
serei a pedra que voa
que é mágica
que naquele segundo tem vida.
(Guilherme Boldrin)
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