A Garganta da Serpente

Geslaney Brito

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Dança da Terra

Algumas pedras
Indicam nossa história
Formigas, minha alma
Água de pessoas
Loas
Louco é quem não se remete
E não se permite pedras
Não se remete almas
(Algumas formigas nos prendem)
Verbo no interior da terra
A que indica o tempo
O tempo das almas calmas
Calmarirrolando por aí
É por isso! Por permitirem-se
Água, formiga, tempo e pedra
Cantarolando por ali
Ali nas águas dos caminhos
Indicativos de loa

Penso você na boa
Bola de semente de ipê
Ar de pequi e de agora
Formiga de pensar:
"Quando tudo for terminado,
Ainda será o princípio..."
Algumas histórias
A formação dos solos
Não! Do homem na sombra
Penso no ombro de encontrar
Devo muito aos quilombos
Quilombola que me conta
Aquilo que ainda me falta
Reoriento minha estrada

Penso você no conto
No colar de contar estrelas
Enquanto canta-nos a noite
Iara não é mãe das águas
É mãe de toda a terra
Da terra de todos
Todos os que se concebem
Formigas conceituadas
Que fazem os caminhos
Com braços coletivos
Admito montanhas serenas
E a geografia humana
Triangulando com poesia
Dançando com cultura
Onde todos se interrogam
Passarinholando por aí

Admito a geometria do grão
A resultar-se um conjunto
A mestiçagem volvendo
Os horizontes do chão
Considerando a textura
E arquitetura da vida
Os elementos misturam
A superfície, ao profundo
Aproximando a matéria
Ao fundamento do espírito

Penso você e a terra
E o que me espera no sonho
E no que devo contar
Enquanto espero o princípio
Algumas areias...


(Geslaney Brito)


voltar última atualização: 07/10/2010
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