A Garganta da Serpente

Geslaney Brito

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Volta e meia

Por saber da volta e meia
É fato que outro dia
O mar torne a virar sertão
As águas sempre retornam
Não pensava nisso direito
Todo sertanejo tem lá
Um mar balançando no peito
Por saber que na meia volta
Toda seca tem suas águas
Todo mar tem lá umas secas

E um tempo esteve nelas
Dentro ou por cima da cor delas
Até mesmo nos seus beirais
Atiçando hora jangadeira
Entre uma pescada e um cais
Trama na verve rendeira
Entre uma barca e um porto
Colorido em mormaço e saudade
Traçando poesia sem ponto
Volta e meia de areia e verdade

Meia volta é melhor pra idade
Grão e gota derrotam vaidade
A maresia do tempo dos homens
A cortesia do tempo dos totens
Estio também nos retorna
Eis que o mundo é uma bola
Há pedra onde se navegava
E eis o homem na esquina
Guerra onde se contemplava
Silêncio quebrado... usina

Não tinha pensado nisso
O tempo dinheiro tem visto
O tempo da terra navega
Volta e meia para e vagueia
E dá meia volta pra se revolver
Eis que o mundo rebola
Há pedra e água e pólem
Eis que a terra recorda
Do que tem que fazer e rodar
Afora a cidade, o silêncio

Antes e depois do cimento
Sertão e mar se amaciam


(Geslaney Brito)


voltar última atualização: 07/10/2010
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