A Garganta da Serpente

Francisco Orban

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Ônibus parador

Por muito menos guardei em mim o mar. Com as juntas dos ossos partidas, refiz-me pouco a pouco das palavras de uma canção antiga, que falava do esperar. Não sobrou muito depois. Uma vez despojado destes versos, descobri que a encantação me alimentava. Entre as hordas de um país feito de noite, a encantação fora um guia não muito prático para as coisas distantes das lembranças e próximas da realidade

Agora, irmanados, neste ônibus parador, que caminha sem nenhum mapa por um país chamado mundo,penso nesse roteiro andarilho, do qual não guardei cópia, enquanto lá fora um horizonte de águas cerca as últimas cidades e vilas de nossas vidas. As mesmas cidades em que um dia fomos invencíveis, quando portávamos em nós a força do touro e a magia dos que se alimentam de transes, qual uma manada de sonhadores, em sintonia com seu rebanho.


(Francisco Orban)


voltar última atualização: 30/09/2009
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