A Garganta da Serpente

Francisco Orban

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Bagdá/Rio

Fico em casa entre as telhas do tempo
desorganizadas
Amparado só pelas estrelas
de minha cidade
Assolado pelas palavras
que chegam
Não é a minha língua
o que se fala pela tarde
onde se ouvem as balas e os tambores
Não é a língua da partilha o que se ouve
mas a solidão da carne
estraçalhada
Fico em casa
assistindo a nova guerra
feita para matar sem morte
ferir a madrugada
e fazer harpas milenares
desaparecerem da história do mundo
Mas como falar sobre a razão
entre as palafitas dos sonhos
da minha geração perdida

olhando o menino sem braços
que chora em Bagdá
olhando os meninos das ruas do Rio de Janeiro
os meninos e as meninas
da minha cidade ferida


(Francisco Orban)


voltar última atualização: 30/09/2009
11120 visitas desde 18/01/2008

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente