A Garganta da Serpente

Francisco dos Anjos

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Furacão

Estava no caminho tranqüilo
Não sabia aonde ia, mas ia.
Buscava achar os caminhos
Assim a minha vida seguia

Numa noite tempestuosa
Em que nem o brilho do sol
Salvaria minha mente tortuosa
Ela do nada apareceu

Clareou o céu,
Ampliou horizontes
Descobriu os véus
Mudou o amanhã, o ontem.

Quando bem perto ela disse
"Você é muito simpático"
O medo impediu que fugisse
Senti meus pés estáticos

Começou como brisa, ventinho,
Que então, tornou-se turbilhão.
E antes que desse por mim
Transformou-se em furacão

Desejos, palavras, passos
Tudo jogado ao espaço
Entreguei-me totalmente
Àquela força pulsante

Vi-me plenamente a vontade
Para viver, com todo o ardor
E sentir esta chama que arde
Mas, não queria morrer de amor

Porém, o excesso é meu dono
E a metade nunca me sacia
Prefiro a morte ao sono
De uma longa vida vazia

Quis dar a ela meu mundo
Quis salvá-la do comum
Quis protegê-la de tudo
Que achava que não era bom

E de repente,
Não mais que de repente,
O que era torrente
Acalmou-se novamente

E foi embora, deixando escombros
E o choro dos desabrigados
Levou também minha razão
E três quartos do meu coração

Dizem que depois da tormenta
Sempre vem a calmaria
Mas, não vejo a bonança,
Ela levou minha esperança

Levou junto a minha poesia
Meus pensamentos mais puros
Transformou em trevas meu dia
Fazendo meu coração mais duro

Levou também o temor da morte
Que clamo, pois tanto sofro,
Que venha logo e me conforte
Pois sem ela, apenas existo, não vivo.


(Francisco dos Anjos)


voltar última atualização: 18/03/2010
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