A Garganta da Serpente

Florbela Espanca

Flor Bela de Alma da Conceição
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Desalento

(ao grande e estranho poeta A. Durão)

Às vezes oiço rir, é 'ma agonia
Queima-me a alma como estranha brasa
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n'alma o fogo que m'abrasa!

Tenho sede d'amar a humanidade...
Eu ando embriagada... entorpecida...
O roxo de meus lábios é saudade
Duns beijos que me deram noutra vida!

Eu não gosto do Sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
De só saber chorar, de ser assim...

Gosto da Noite, imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!


(Florbela Espanca)


voltar última atualização: 13/08/2010
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