A Garganta da Serpente

Florbela Espanca

Flor Bela de Alma da Conceição
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Castelã da tristeza

Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor...
E nunca em meu castelo entrou alguém!

Castela da Tristeza, vês?... A quem?!...
- E o meu olhar é interrogador -
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr...
Chora o silêncio... nada... ninguém vem...

Castela da Tristeza, porque choras
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais?...

À noite, debruçada pelas ameias,
Porque rezas baixinho?... Porque anseias?...
Que sonho afagam tuas mãos reais?...


(Florbela Espanca)


voltar última atualização: 13/08/2010
15635 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente