A Garganta da Serpente

Flávio Goulart

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(imagina)

Como?
Assim de repente?
Humm...
Está bem. Então imagina a carne da tua perna ser mastigada
por um tigre da Malásia, mas aqui na Europa, consegues?
Ou então imagina o teu crânio ser esmagado
por um tanque de guerra, digamos... no teu jardim! Por cima dos girassóis.
Agora imagina que o tigre é quem conduz o tanque e persegue-te ao longo de uma praia. Ou vice-versa.
Foges para a água gelada e o teu coração pára com a agonia. Morres.
Humm... Não, não. Foges para a água e cospes o coração mas este continua a bater nas tuas mãos. Sim.
Agora imagina que retiras uma cavilha do coração e atira-lo ao tanque,
explodindo-o em bilhões de corações mais pequeninos,
e acabas com a guerra no mundo! Bué amoroso 'tás a ver, coraçõezinhos e cenas fofinhas do género.
Agora imagina que todos esses coraçõezinhos perseguem-te pelo mundo fora,
bué chatos sempre a bzzz bzzz bzzz no teu ouvido e fartas-te deles. Apetece-te acção!
Então pedes ao tigre que te soque o estômago para que sintas dor e esqueças o bzzz bzzz bzzz
mas ele não quer. Diz que agora está na siesta.
Puxas-lhe os bigodes e a cauda, provoca-lo e ele diz "OLHA AÍ 'PÁ!"
Não queres saber disso e sentas-te em cima dele. Ele passa-se e PUM!
Falha o estômago mas acerta-te bem no maxilar.
Agora tens sangue na boca e sabe-te a ferro. Sentes-te zen.
Imaginas templos sagrados e monges budistas, Shaolins e essas cenas todas
que te relaxam a mente. Bem fixe, pensas.
Agora imagina...


(Flávio Goulart)


voltar última atualização: 17/07/2006
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