A Garganta da Serpente
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Trilhas Urbanas

Trilhei a pedra esculpida do tempo
em busca da nuvem branca da paz
rezei uma prece sem fim
em busca de um caminho a sós
mas na dúvida acabei em seus braços
foi leve o sonho que tive
e leigo meus objetivos
amei na forma bruta
sem contemplar o tempo
que passou lépido por nós dois
já caminhamos de mãos dadas
e nosso filho estava por ai
não sabia se sorria ou se fugia
nunca assumi grandes causas
nem tão pouco fui um eloqüente ditador
queria que você me abandonasse
queria chorar um pouco sua falta
e depois continuar a viver
nos mesmos moldes do passado
ao invés da soberba de todas as noites
migalhas, sobras do banquete de outros
todavia não estava triste
e isto é que me angustiava
a certeza de que amanhã tudo estaria igual
não haveria o incompleto a procura de outra
seria um corpo cansado debruçado sobre você
eu não me dispus a essa vida
casado, não sou uma pessoa feliz
sou apenas um inválido
um homem de poucas palavras
e muitas caminhadas
teria que partir
teria que dizer ao mundo
que o meu mundo não é aqui
que em minha estrada não há uma casinha
onde um dia o homem entre e não queira mais sair
é apenas uma noite
e meus passos me levarão logo ao amanhecer
os caminhos que sigo, não sei,
vou sem a prece de minha mãe
que sempre pede
que eu volte um dia
mas eu sei que nunca irei voltar
vou virar esquinas
e esquecer pessoas
vou amar e, contrariado
chorar a perca do que nunca me pertenceu
esquivo vou plagiar a noite
e escalar montanhas onde eu possa ver a lua de perto
no imaginativo vou viajar o mundo
e ser muito feliz....


(FJB)


voltar última atualização: 13/02/2002
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