Saudades de ser irresponsável
Que saudades de ser irresponsável
Vagar num mundo sem fronteiras
Ocupar e desocupar corações sem remorso, sem bobeiras
Adotar "carpe diem" como prioridade
Que saudades das verdadeiras amizades
Que falta fazem as loucuras, devaneios
Mas passaram-se os anos
O que era prioridade vira lembrança
A insanidade adolescente é passada
O que era ambição torna-se esperança
Aqui me encontro, nesse mar de objetivos
Nem com afinco não sou capaz de concretizá-los
Tudo torna-se difícil de repente
O obscuro vagueia na cabeça da gente
A certeza de uma vida melhor torna-se incerta
E o que resta são lembranças e uma vaga sensação
de fé
Perco os princípios, viro "outro"
Aquele excluído que anseia por reconhecimento
A idade passa, a maturidade vem à tona
O desejo de ser alguém perdura
E o mundo torna-se um monopólio
Os recursos favorecem a minoria
Antes nada disso importava
Como era fácil ser inocente!
Hoje é difícil sustentar a palavra "decente"
Meus amigos tornaram-se concorrentes
Que lugar é esse em que vivemos?
Definitivamente quero voltar a ser criança
Incorporar a palavra inocência
Pular corda, subir em árvores
Pedir colo, chorar e demonstrar fraqueza sem medo
Livre de responsabilidades e de obrigações
Livre de enxergar o mundo
Simplesmente pelo prazer de poder imaginá-lo
(Filha dos Ventos)
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