A Garganta da Serpente

Fernando Moraes

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SUICÍDIO

As rosas sangravam seu odor,
e homens sangravam seus pulsos.
Os espinhos ferem o ar,
que com rispidez atravessa o mundo.
Da janela quadrada o sigo até meus olhos enxergarem apenas folhas caindo.
Eu corto meu pescoço com um fio de cabelo. Abro minha alma.
A seiva jorr da árvore e toca o chão duro.
Bebês choram.
Eu grito!!
As pessoas distribuem seu amor.
Vendem em garrafas de vidro,
ficam ricas e morrem de ódio.
Na estrada, um crânio,
já enraizado muda a paisagem.
A grama é roxa,
como a terra verde e o céu negro.
Estrelas cinzas.
Meu dia é dor.
O piano anuncia,
talvez o sol nasça esta manhã,
talvez eu esteja morrendo.
As virtudes que possuo, são tragadas pela terra.
As caixas empilhadas,
marrons e sujas. Me sinto melhor assim.
As pedras vertem sentimentos,
da profundidade que estão são sensíveis.
As rosas não as cortam.
negras, do suor da terra, do tempo.
As veias já secaram,
todo o sangue se espalhou pela sala.
No corredor,
os crânios formas fileiras,
e os tiros já foram dados (cabeças abertas).
Quando será o próximo suicídio?


(Fernando Moraes)


voltar última atualização: 20/04/2001
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