MARÉS DESERTAS
Eis que de novo se agitam
Os esqueletos esquecidos na calma
Como pedradas, crepitam
Nos charcos entorpecidos da alma.
De novo as cicatrizes estalam
Como fendidas por gritos
De vozes que não se calam
Clamando por ladrões de mitos.
De novo o vulcão desperta
O medo da esperança deserta
Lançando lava em parte incerta
Enclausurando a razão aberta.
De novo esta maré de miragens
Reescrevendo teu nome apagado
Entre o vaivém de duas viagens
Num amor seco e salgado.
Eis-me de novo em turbilhão
Devorado por um coração faminto
Ressuscitando-me a ilusão
De sentir o que já não sinto.
(23.04.02)
(Fernando Guia)
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