É da lentidão...É da lentidão que te falarei, desse movimento preciso, desse movimento exacto, que habita por vezes o tempo. Não o tempo dos relógios, mas sim o tempo da morosidade da espera, desta espera, a espera tranquila de quem tão pouco pretende. O silêncio apadrinha e propicia a demora, o silêncio é como uma planicíe que chama o viajante solitário, aquele que contabiliza as horas pela lentidão dos seus passos. Lembras-te quando depois me falaste? A seguir produziu-se um silêncio, e esse silêncio povou o tempo perto dos teus lábios e contagiou as manhãs de uma maneira suave. Tudo o que então disseste aniquilou horas e dias, e dentro de uma enorme extenção a indolência dos relógios aproximou-nos desse país desbravado pela delonga dos nossos dias intermináveis. Desse território ao mesmo tempo inóspido e hospitaleiro, que resultou do espaço docemente despovoado que pronunciaste. (Fernando Gregório) |