Deslizam por um rosto azul
ígneas nuvens que obscurecem o sul
como cabelos de anjos longos
O olhar poisa suave na linha da mão
e quebra o feitiço que na distância vive
Implacável o destino que se alimenta
da
possibilidade
e ocupa-me o pensamento a impossibilidade de o ser
Sabes vou-te dizer que o amor
coisa que não faço ideia o que seja
acontece num pormenor que súbito
clareia a origem azul de tudo
É isto digo e chamo-lhe amor
ou árvore ou rio ou mulher
Dou-lhe nome para clarear a minha cegueira
E estranho é acreditar nisso
agora que o meu olhar não encontra objecto
(Fernando Martinho Guimarães)
|