A Garganta da Serpente

Fábio Y. Nakamura

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Bolinhas de gude

Em criança brincava com as bolinhas de gude,
Elas não rolavam o chão a brigarem no bate e bate barulhento
Tinha-as somente aos meus olhos e elas me davam alegria,
Quando meu olhar as atravessava com ímpeto infantil
A vasculhar planetas, asteróides, cometas e vazios imaginários,
Eu fazia dos vidros-bola, meus vidros-espaço-universal

As bolinhas de gude me faziam um medo feliz
E a felicidade era o deleite de horas paradas
A ter assim, todo o faz-de-conta orbitando em minhas sensações

As bolinhas de gude eram meninas como eu
E eram crianças lindas e desprevenidas
Vivendo e vivendo muito,
A vida que agora me faz visitas soltas e ligeiras
Em noites de sonhos puros.


(Fábio Y. Nakamura)


voltar última atualização: 10/08/2004
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