A santa e o monstro
Teus belos olhos me abraçando
São pra mim grandes motivos
De pungente e vil remorso...
Mulher bela de meus dias
Bem sabes que nunca
Hei de merecer-te!
Esse amor
Amor belo de suspiros
A mim despeja
Tantas lágrimas
E eu, monstro anátema
De profunda e caga
Desesperança
Fujo pro quarto
Pra chorar longe de ti.
À luz de velas
Sei que rezas por mim,
Tu donzela de febril paixão
Pálida formosa,
Em tudo beira à perfeição,
E somente um erro
Goteja veneno em tuas veias,
É por certo derramar
Esse amor bendito
Em meu peito estéril
Triste e seco
Onde temo ser pra sempre
A cruz de penitência
Em tuas noites de insônia.
(Fábio Camargo)
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