Livrório
Por tua existência fútil sobrevivo de novo
e de novo não penso em nada,
e de boca fechada mordo umas letras confusas
das páginas em branco, as datas grudadas
por tua saliva. Teu suor então, um velho sujo,
condenado, rijo no tempo.
Outros nas paredes distantes, próximos,
apoiados no saber um do outro,
solidários na poeira, mesmo
sem eira
nem beira, ensaiam galhofas a mim:
não sou desses,
afirmativamente não,
não sou pois que estou sozinho
e nem me defino,
obra cômica, um drama sem poder me abrir,
um enfeite em teu criado-mudo, sou o cúmulo.
(Fabbio Cortez)
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