A Garganta da Serpente

Everaldo Ygor

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EM MEMÓRIA A SOLIDÃO

Recordações...
Agora, me lembro apenas de fragmentos embriagados...
Pensamentos que vem e que vão...
A visão turva, a luz baixa, o ar rarefeito...
Observo a silhueta de seu corpo...
De longe... Longe, longe demais...
Porque?
O desejo... A saudade, a tristeza... A memória solitária...
Acho que vem de longe...
E para longe não vão mais... Estão perto e vejo suas faces...
Ficam e ferem!
Sem dizeres, sem verdades, o silêncio é testemunha...
E o álcool ainda navega e reina em minhas vértebras...
Despedaçado!
Envergonhado...
O coração bate, bate longe... Bate na face...
Bem á distancia de nossos corpos... Ecoa junto ao berimbau...
Distante de qualquer amanhecer...
A noite corre a fio. E eu observo...
E lá fora a policia me aguarda...
A repressão quer minha mente... Não vou me render...
Todo o tempo se vai, com ela, logo é amanhã e os corpos continuam distantes...
Pensamentos belos, afagos, foram embora junto ao tempo.
Na mente, no meu corpo... Só o vazio...
Salto pelo rio da agonia e passo a acarinhar minha amada...
Desperta e vai...
Hoje não vi a lua... O vento está fraco... E quase não sinto o perfume...
Acho que ela vai embora...
E no amanhecer... O adeus...
Sinto agora a solidão da escrita e de mina existência...
As palavras ficaram lá, suspensas no ar...
Estou só... Estou com ela...
Estou longe!
A frustração é minha companheira...
A velocidade da noite foi intensa e marcou meu caminho,
muda ela dormiu. Longe ela foi, naufraguei no mar de tormentos mais uma vez....
E na lágrima solitária e silenciosa, encoberto pela noite canto pôr minha amada...
Mas, sei que não pode me ouvir... Está longe e nem posso ver seu olhar...
Nem escutar seus sonhos...
Nem sentir o teu cheiro...
Ela se vai...
A razão quando vem leva seu pensamento, seu tesão...
Mais uma vez...
Mais um abandono, mais um naufrago no mar da solidão...
Ela se foi...
Eu fico e penso, às vezes grito...
Às vezes escrevo... E aguardo o som de sua Voz...
Que vem de longe...
E que... Às vezes...
Nunca chega...
Não vem com o amanhecer, não vem noite adentro,
Vem de dentro!
Às vezes, apenas...
Vem!!!!!!!


(Everaldo Ygor)


voltar última atualização: 20/05/2004
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