ALMA PRESA
Estou presa no ar
Tão solta da vida
Na beira do purgatório
Sem bebida no velório
Estou entre portais
Na realidade nada real
Muito menos na virtual
Vivo o dualismo da morte
Três escolhas incertas
Calmaria do céu e mar
Calor sem vento ou fogo
Tormenta do inferno e do ar
Tudo em estado de ebulição
Daí a vontade de permanecer inerte
Quem sabe cair na terra
Andar sobre as águas
Ressuscitar ou desmorrer
Acordando do sonho
Fugindo do estado de quase morte
Permanecendo no purgatório
Adiando o velório
Com uma enorme interrogação
Cravada em cada lápide
Ou um risco nas catacumbas
Grafado com lâmina de barbear:
Aqui jaz a morte
Assim, o velho cemitério servirá
Apenas como um local
Onde farei caminhadas
Até a derradeira passagem
(Eustáquio Mário Ribeiro Braga)
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