A Garganta da Serpente

Eustaquio Leite

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Lenimento

Vasculharei minhas covas,
Acordarei meus defuntos,
Provocarei algumas sombras...
Ouçam-me zumbis:
Vasca é a minha vontade
Hoje, porei fim ao que me vermina.
- Aquela quenga me paga.

Se ela me foi pérfida, instantes,
De nós vivível, sequiar nem pude,
Talvez restara nalgum esquife,
Um saldo de amor, que ainda seja nosso
E mereça da reles e pífia a mesma sorte.
Grassem desígnios meus de extermínio,
De toda e qualquer reminiscência dela.

Do fato encarnado de produção confiada,
Cuja insígnia eu reconheço, espiem,
Ainda lucilam os anelões dourados,
Enleados e presos àquele foteado
Que vi menear negativamente,
Quando ela partiu, me deixou.


Retire-os, de tocado, a facote...
Não me doerá este último golpe.
Despedace-os, desdoure-os. Assim!
Em seguida, creste-os às cinzas,
Arremesse ao mar as sobras todas,
De lá, elevar-se-ão em Serafins.

Desenodoado,
Nada restará de nós,
Mesmo as lembranças
Do que jamais fomos.

(16/06/2007)


(Eustaquio Leite)


voltar última atualização: 21/03/2011
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